domingo, 14 de dezembro de 2008

Tolerância Zero #07

A mulher sem pecado
ou Libere a Lídia que existe em você!

eu sei que hoje em dia é meio manjado, quase tão banal quanto torcer pra o Flamengo, mas eu adoro Nelson Rodrigues. Acho tão veradeiro... na minha vida então, quase tudo que acontece parece uma viagem do Nelson. Provavelmente na de vocês também, ok. No big thing.

Uma das minhas aplicações práticas favoritas da obra é a da "Mulher sem pecado. É a primeira peça dele. Eu li umas quantas vezes e assisti no teatro também. José de Abreu, demais! Gosto muito, porque enquanto pessoa altamente sugestionável, pra mim é batata (como o próprio diria) - "Não pode dar idéia...". Caio até em "pilha" de "duvido". A coisa é tão séria, que sou sugestionável até ao contrário.
Ãh?
É, adoro uma contravenção. Não pode, não deve, é feio, inadequado, faz mal, engorda, mata 20 anos mais cedo, é perigoso, tô fazendo... Sou à favor de tudo o que é do contra!

Voltando ao Nelson, deixa eu resumir a tal peça pra quem não conhece ou não se lembra:

A Mulher Sem Pecado conta a história de Olegário, um paralítico que convive com idéias constantes de traição por parte de sua esposa, Lídia. Seu ciúme é doentio e sem fundamento algum. Inocente, a mulher convive com cobranças e ameaças constantes, beirando a loucura. (Atenção para a minha parte preferida) Quando o marido reconhece seu erro, ela já havia partido.
Com outro.

Entendeu? SEM PECADO. A mulher estava lá, monogâmica e fiel. Aturava o marido chato, lavava, passava, cozinhava, boquetinho... aturava até a sogra doente em casa! E o miserável ainda tinha a petulância de acusá-la de adúltera.
Esse sujeito merecia no mínimo uma surra com uma Marc Jacobs cheia de ferragens banhadas a ouro, paga com o dinheiro dele.
Mas Lídia é fina. Preferiu fugir com o empregado de confiança.

Já aconteceu com vocês? De uma idéia nem passar pela sua cabeça, mas depois de tanta perturbação, tanta instigação, acabar parecendo nem tão ruim assim? Ou até boa... yeah!
Comigo é o tempo todo.

Com isso em mente, lanço minha mais nova campanha: Libere a Lídia que existe em você!

Para os garotos, fica o recado: É a (con)sequência natural dos fatos. Você pode até mandar "a mulher sem pecado", mas se sua garota for esperta e "bonitinha, mas ordinária" como a que vos fala, não espere nada menos que um "beijo no asfalto" e passar o resto dos seus dias sendo tratado como um "remador de Ben-Hur". Não esqueça que a sua mulher, para os outros, é "a mulher do próximo" e que "o homem proibido" é sempre mais interessante que "o marido traído". Especialmente se ele tiver uma "boca de ouro".
Assim é "A vida como ela é".
Depois de tudo, se ainda quiser recobrar sua dignidade, chegue para ela, estufe o peito e reconheça: "Perdoa-me por me traíres".

2 comentários:

Nandoca disse...

éééé, pois é... kkkkkkkkkkkkkkk

Patrício disse...

Ou, como medida profilática, vire-lhe um tabefe na lata, antes de dar-lhe bom dia...é um santo remédio, segundo Rodigues.